sábado, 28 de maio de 2011

Mania das grandezas



Num evento assisti a algo único, pelo menos para mim até agora: uma presidente de uma instituição de solidariedade social recusou-se a sentar-se na segunda fila! Há que acrescentar que essa pessoa chega atrasada e não se identifica, talvez porque pensa que todos a conhecem. Ora, a pessoa que a recebeu não sabia quem era e encaminhou-a como fez com todas as restantes pessoas. Essa senhora, supostamente com elevado espírito voluntário e que gere uma entidade sem fins lucrativos, ameaçou abandonar o evento porque "recuso-me a ficar na segunda fila" e "recuso-me a ficar no meio de senhores, quero ficar no meio de senhoras", até que diz "porque eu sou a presidente de .....!!!"

É impressionante a necessidade que as pessoas têm de alimentar o seu ego. É este o espírito do voluntariado? "Vou dedicar-me a uma causa para sobressair e ser uma pessoa importante" parece ser o mote de alguns. Onde está a humildade, a modéstia? A primeira fila é um lugar privilegiado? Parece-me que é nestas situações que se vê quem se dedica às causas pela missão de ajudar o próximo e quem procura através deste tipo de instituições uma forma de se impor na comunidade, porque só assim colmata os sentimentos de insegurança que o assola diariamente. Ora, aqui está um exemplo de uma pessoa com a "mania das grandezas".

E tu? Já assististe a algo do género?

terça-feira, 24 de maio de 2011

Confuso, não?



Um turbilhão de pensamentos invade-me, assim como a melancolia insiste em dominar a minha energia.  Visualizo o futuro e o que vejo é um nevoeiro denso numa noite sem luar. Penso: "tenho que mudar! Olha o que conseguiste até aqui" Mas sinto-me sem energia para fazer esse simples exercício. Tudo é incerto, tudo é instável. Sinto-me frágil, vulnerável e ao mesmo tempo um vulcão prestes a entrar em erupção. À mínima agitação surge o descontrolo. Estou descontente e sei que essa mudança depende apenas de mim. É tão difícil... Não acredito em mim, nos outros, no mundo, na realidade! Questiono tudo... e ao mesmo tempo acredito... ou quero acreditar.

Sinto-me a chegar ao limite. Sei que é possível mudar. Difícil é abandonar as discussões internas, reorganizar o pensamento, acalmar as emoções. Por vezes, é no conforto da escuridão e da solidão que nos sentimos melhor... Não ter que agir, não ter que decidir, opinar, pensar...

Simplesmente ficar ali...

O pior é que os pensamentos, sobretudo os negativos, não nos deixam sossegar. Estão sempre ali a atormentar-nos e a fazer crescer sentimentos de culpa e de incapacidade.

Sei que sou capaz de mudar. Reconheço que tenho capacidades, potencial... O problema é que estou a deixar-me dominar...

Confuso, não?

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Resiliência


Resiliência, de acordo com o dicionário, é "a capacidade de superar dificuldades, de recuperar de adversidades" (in Priberam). Resilientes são aqueles que são capazes de resistir e desenvolver comportamentos adaptativos quando expostos a ambientes/situações adversas. Quantas vezes nos perguntámos: Como é que aquela pessoa, que viveu em vários lares, foi vítima de violência, estava rodeada de amigos com comportamentos anti-sociais, conseguiu arranjar um emprego e estar bem na vida? Como é que aquela pessoa que cresceu num ambiente desfavorecido e carente, numa família com mais de meia dúzia de irmãos, conseguiu concluir um curso superior, contrariando a parentalidade na adolescência? Ora, isso é resiliência.

Nestes dias, resolvi olhar à minha volta e constatei que estou rodeada de pessoas resilientes. Aliás os tempos de hoje promovem junto de nós essa competência de resiliência porque temos de enfrentar positivamente as adversidades e os factores de stresse. Segundo alguns autores, as características da pessoa resiliente são: sociabilidade, criatividade  na  resolução de  problemas e  sentido de autonomia. A pessoa resiliente, inteligentemente, escolhe ultrapassar a adversidade.

Considero que a conjectura económica nos incentiva a ser "resilientes", a ser criativos para ultrapassarmos as dificuldades. Nós podemos escolher o caminho a seguir. Podemos enfiar a cabeça na areia, ou, de cabeça erguida, encontrar alternativas, estratégias para sobreviver num contexto adverso. 

Já fizeste a tua escolha?

domingo, 8 de maio de 2011

Sem dentes... do siso



Hoje removi o meu último dente do siso. O dentista é absolutamente fantástico. Anestesia, trac, trac (som da ferramenta no dente) e já está! :) Tremia por todos os lados, pois era um dente inferior e que normalmente costuma dar chatices. É impressionante o medo ou receio que se ganha em relação ao dentista.

Recordas-te da primeira vez que foste ao dentista? Pois eu recordo-me. Era miúda, doíam-me os dentes e os simpáticos dentistas (eram dois) tiveram a gentileza de dizer "A menina está a fazer fitas para não comer". Simpáticos, receitaram-me um xarope horrível para incentivar o aumento de apetite. Conclusão: mudança de dentista. 

Novo dentista, análise da situação concluída. Tinha de tirar um dente, e outros tantos. Era a primeira vez. Claro está que não o deixei invadir a minha pequena boca. Cerrei os lábios e firmemente recusei-me a abrir a boca. Os outros deram-me um xarope horrível, pensei eu, sabia lá o que este iria fazer. Para mim, era um invasor da minha privacidade oral! "Queres mexer nos meus dentes??? Então vais sofrer, porque não vou deixar!" Mas o que pode fazer uma criança face aos poderes das brocas e das agulhas e outros instrumentos que lá estavam e para os quais não me atrevi a olhar??  Com a sua mestria e técnicas de manipulação lá conseguiu alcançar o objectivo. Isso não se faz a uma pobre criança... Chorei, obviamente. No entanto, como bónus, pude não fazer nada o dia todo (isto é, estava dispensada das tarefas domésticas) e ainda receber uns miminhos extra da mãe. A partir daí, quando ia ao dentista focava-me no sorriso lindo que ele me prometera e no bónus que iria ter nesse dia!

Mesmo assim, e apesar do meu dentista ser muito bom, continuo a não gostar de ir a estas consultas. Procuro adiar até não ter outra hipótese. Por isso, há que continuar a zelar pela saúde oral.