sexta-feira, 4 de março de 2011

"Analfabetismo tecnológico"


Ontem, durante uma bela de uma jantarada, a minha madrezita resolveu presentear-nos com algo que tinha assistido. Contava ela que, enquanto levantava dinheiro numa caixa multibanco no interior de um banco, uma senhora entra dirigindo-se para o telefone que lá se encontrava. Pega no auscultador e pergunta aos colaboradores que se encontravam a trabalhar:
 - Como é? São vocês que marcam o número?
Admirado um deles pergunta:
- Qual é o assunto?
Indignada a senhora retalia:
Isso é uma coisa pessoal. Como é? São vocês que fazem a chamada? (O telefone não tinha propriamente números para digitar...)
- Minha Senhora - respondeu - Esse telefone é para entrar em contacto com o banco".
E a senhora ainda indignada pergunta:
- E então onde é que eu posso fazer uma chamada? É que não trouxe o telemóvel!
A senhora saiu e lá foi ela fazer a bela da chamadita para o quiosque em frente. :)

Bem, esta situação é bastante engraçada. De certeza que a minha mãe se divertiu mais do que todos nós que a ouvimos ou lemos depois. Mas não é isso que me leva a escrever este post, mas sim a questão atrás de tudo isto: "analfabetismo tecnológico".

Fale-se bastante do analfabetismo da população portuguesa e não se presta atenção a um tipo de iliteracia que emerge e que diz respeito a esta era da tecnologia. Claro que nós pensamos "Aquela senhora não é muito inteligente. É lógico que aquele telefone não é para fazer qualquer tipo de chamadas". Mas a senhora deve ter pensado "Ninguém explica!!!" Penso que é urgente instruirmos a nossa sociedade, porque para uns é fácil lidar com as novas tecnologias, para outros é um enorme problema que, se puderem, evitam.

Muitas vezes não temos paciência para explicar aos nossos pais ou avós a lidar com as novas tecnologias. Mas podemos contrariar isso, desde que as pessoas tenham interesse também. Felizmente, os meus pais são bastante autónomos quanto às TIC e agora raramente precisam de mim. Não tiveram medo de arriscar e aprender novamente, contrariando o analfabetismo tecnológico. Quantos serão aqueles que têm medo de conhecer a inovação? O que podemos fazer? Marginalizá-los? Contribuir para aquilo que se chama de info-exclusão? Ou partilhar os nossos conhecimentos promovendo a info-inclusão?

10 comentários:

  1. alguem que pensa que te conhece4 de março de 2011 às 09:37

    olá, acho este tema bastante actual, num Portugal muito português, ou seja, para os que dizem que comandam este país, o que lhes interessa é as estatisticas, o grandioso ordenado, e colocar impostos sobre impostos aos cidadãos, que se matam a trabalhar para dar de comer a essa "ceita" que tem o nome de politicos do nosso país.
    Tendo em conta o que falaste, sinto-me revoltado com o que os nossos politicos andam a fazer neste país em muitos aspectos, mas um em particular ultimamente tem levado comigo a grandes discussões.
    O assunto a que me refiro é nem mais nem menos a facilidade com que agora qualquer pessoa tem o 9º ano e o 12º ano de escolaridade. Eu não sou contra as pessoas que querem aprender e elevar o seu grau de habilitações, mas por favor ensinem-lhes alguma coisa!!!! Não basta darem-lhes um computador para a mão, dizer-lhes para contarem a história da sua vida e no fim já está, 12º ano concluído!!!! Isto é ridiculo!!! Só pensam nas estatisticas!!! Se querem baixar a taxa de analfabetismo neste país, ensinem-lhes alguma coisa!!! Não basta saber ligar e desligar um computador!!! E nós jovens que passamos anos a estudar para depois sermos discriminados?! para isso passavamos a nossa adolescência a aproveitar a vida, depois contavamos o que tinhamos andado a fazer e pronto 12º ano concluído!!! Acordem!!! Não vamos ser parvos toda a vida!! Desculpa o desabafo.

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  2. Olá! Compreendo que para muitos seja difícil compreender a metodologia de base das novas oportunidades, mais propriamente do Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. Esta metodologia foi importada de outros países europeus e adaptada ao contexto escolar. A ideia é fantástica. Temos tantas pessoas que aprenderam imenso com a escola da vida, porque não valorizá-las? Garanto-te que há pessoas para quem este processo assenta que nem uma luva, pois são detentoras de uma panóplia de conhecimentos que depois terão de provar por escrito e conhecer um referencial que de simples tem muito pouco (sobretudo o do nível secundário). Não é apenas uma redacção do que fiz ao longo da vida, mas sim o que aprendi ao longo da vida. Nem tudo serve e muito aprendem às suas próprias custas.

    Ora, como nem tudo é perfeito, os centros foram obrigados a ter metas, a encaminhar pessoas para cursos, mesmo não havendo ofertas senão a do RVCC. A "nata da nata" é um público restrito. Surgem alguns de vez em quando. Os Centros estão a adaptar-se aos fracos conhecimentos que as pessoas apresentam e procuram dar formação, embora esta seja limitada.

    Se poderia ser diferente? Claro que sim. É frustrante? Claro que sim. As pessoas aprendem alguma coisa? Claro que sim. o Certificado é dado? Claro que não. Pelo menos, onde trabalho, procurámos fazê-lo com seriedade e responsabilidade. Mas, infelizmente, nem tudo é perfeito. E tudo isto tem um efeito perverso, porque como em tudo na vida, nem todos levam isto a sério...

    Em suma, concordo contigo numa parte e discordo noutra. Mas obrigada pelo desabafo e não te inibas de o fazer mais vezes :)

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  3. alguem que pensa que te conhece4 de março de 2011 às 12:34

    Já percebi, que este assunto é a tua praia, e claro não posso falar do que não sei em especifico, contudo, tenho conhecimento de 3 casos em que assisti a essa redacção da "escola da vida" ( que fique claro, que eu acho que a escola da vida é a mais importante)e achei aquilo surreal. Para te ser sincero não sei se depois obtiveram o certificado de 12º ano ou não, mas o que vi que eles tinham que fazer é inacreditavel, para todo o conhecimento que nos foi obrigado a saber, saber que agora o 12º ano é tão facil de fazer. Para mim é fácil, acretido que para as pessoas que estão a tirar não seja assim tão facil, mas isto para o nosso país é tudo uma questão de estatisticas e não de melhorar no verdadeiro sentido da palavra o analfabetismo.

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  4. lembraste do nosso primeiro computador? sempre que o Toninho ia desligá-lo... desligava-o como um electrodoméstico: arrancava o cabo de alimentação da tomada eheheheheheh
    Mas graças aos ensinamentos da filha mais velha, actualmente já sabe desligar correctamente o pc, consulta o seu emáile e está a pensar em criar um perfil no feicebuk ;)

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  5. Para alguém que pensa que te conhece: e o que tens a dizer das competências dos alunos que saem hoje em dia com o 12º ano?

    Para a márcia: lololololol

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  6. Bem este blog está soberbo....adorei e tenho a certeza que continuarei a adorar...

    Por acaso até era porreiro o Toninho criar um perfil no feicebuc...

    Mas este analfabetismo tecnológico é real...

    Ontem aconteceu-me uma "situação" parecida.

    Há uns meses atrás comprei um bilhete de comboio de 10 viagens...e achei que o dito cujo "funcionava" da mesma forma que os que se compram na bilheteira.

    Pois eu...não imaginava que se tinha de introduzir aquele pedaço de papel numa maquineta para o validar, mas no bilhete dizia obliterar para o validar. Restavam cerca de 8 minutos para apanhar o comboio e andava eu de um lado para o outro à procura da porcaria da maquineta...até ke encontrei um funcionário e perguntei p ke fazia: - Então a menina tem um bilhete de 10 viagens e não sabe o ke fazer com ele? (risos)...apeteceu-me esgana-lo....sabem porquê???? Porque além de nunca ninguém dizer que se tinha de obliterar (sim porke eu até sei ler)são poucas as estações ke têm a porcaria da maquineta.....

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  7. Xana a essa situação chama-se estupidez tecnológica, não da tua parte, claro, mas de quem programa as inovações dos serviços e depois não coloca as infra-estruturas (se é que se pode chamar assim) necessárias para dar resposta. E o mais grave de tudo, não fornecem informação clara sobre o funcionamente dessas mesmas inovações.
    Quantos de nós passamos por situações semelhantes em que nos fizeram sentir estupidificados? Será que quando formos velhotes vamos ser info-excluídos?

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  8. alguem que pensa que te conhece4 de março de 2011 às 19:43

    Claro a juventude de hoje com 18 anos, nem vale apena comentar.
    Mas eu só quero que percebas que eu não estou contra quem quer aprender, estudar, ficar com melhores habilitações, até porque sendo eu um estudante universitário de horário pós-laboral sei o quanto custa ao corpo estas coisas.
    Apenas o que quero salientar e acho que todos nós deviamos arranjar uma forma de protesto, é que quem comanda este país só se importa com as estatisticas e impostos, e faz de nós uns parvos todos os dias. Isso é que tem que mudar!! Não podemos ser parvos toda a vida!

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  9. ó Xana sabes o que faltava junto a esses 10 bilhetes: um cd-rom com o manual de instruções que inclui os locais de interesse para a obliteração lol

    há tempos encontrei um aviso numa caixa automática de um Banco: "por favor se depositar um cheque da Segurança Social retire o oficio que vem anexado ao mesmo. coloque na ranhura apenas o cheque, para evitar o bloqueio da máquina..." era mais ou menos assim :)
    o banco pede para fazer depósitos na máquina ao invés do balcão, mas depois falta explicar aos iletrados tecnológicos como fazê-lo :(

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  10. Ora aí está um bom exemplo. Mas infelizmente é um dentro de imensos!

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